Maternidade e inovação: mães empreendedoras transformam desafios em negócios

No Espírito Santo, mais de 195 mil mulheres são empreendedoras, segundo uma análise de dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) realizada, em 2023, pelo Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Espírito Santo (Sebrae/ES). Nesse universo empreendedor, a maternidade muitas vezes é vista como um obstáculo a ser superado, mas para algumas dessas mulheres, ser mãe foi o ponto de partida de uma jornada bem-sucedida.

A empresária e pós-doutora em química Daniela Vieira é um exemplo. Mãe de duas meninas, de seis e quatro anos de idade, percebeu o potencial das experiências científicas como ferramenta de desenvolvimento integral para suas filhas e outras crianças. Assim nasceu o “Ciência para Vida”, uma empresa que visa formar indivíduos protagonistas de suas próprias vidas por meio do laboratório portátil “Box Pequeno Cientista”. Porém, os desafios começaram antes mesmo do nascimento do negócio.

Ao descobrir sua primeira gravidez, a empreendedora, que atuava como professora de ensino superior para cursos de engenharia, decidiu dedicar-se exclusivamente à maternidade e foi muito criticada. Contudo, essa e outras escolhas a colocaram em um caminho de sucesso pessoal e profissional. “Olhar para a criança como um pequeno cientista foi a decisão mais assertiva que tomei. Hoje, tenho a oportunidade de viver com minhas filhas e ajudar outras famílias e professores a descobrirem o potencial que há em cada um. Me sinto realizada e completa”.

Outra história inspiradora em que empreendedorismo e maternidade se entrelaçam é a de Bárbara Bastos que, em meio à necessidade, foi capaz de enxergar uma oportunidade de negócios. “Engordei muito após ter meu filho, em 2014, e passei a não encontrar roupas que eu gostasse no meu tamanho, ou seja, modernas e com cores vibrantes”. Essa foi a motivação que resultou na criação da Barbarizy, uma loja que oferece, de forma online nas redes sociais e presencialmente em feiras, roupas e acessórios coloridos, trazendo alegria, africanidade e autoestima para mulheres de todo o Brasil.

Para as mães que pensam em empreender, a empresária aconselha a investir, reforçando a importância da organização. “Houve uma época em que eu ficava perdida, até aprender a anotar o que deve ser feito e a estabelecer prioridades. Portanto, com planejamento, força de vontade e vários planos para conseguir lidar com imprevistos, é sim possível ser bem-sucedida sem deixar a família de lado.”

A analista do Sebrae/ES e gestora estadual do Sebrae Delas, Andrea Gama, salienta que apoiar iniciativas de mães empreendedoras é fundamental. “Essas mulheres enfrentam desafios únicos ao equilibrar suas responsabilidades familiares com o desenvolvimento de seus negócios. Dessa forma, reconhecer e dar suporte a elas contribui para a igualdade de gênero e fortalece a economia local”. Andrea pontua que o empreendedorismo materno pode impulsionar a inovação e a diversidade, trazendo novas perspectivas e soluções para o mercado.