Melhorar as condições de atendimento e estrutura de duas unidades voltadas para a saúde mental em Cachoeiro de Itapemirim. Esse foi o objetivo de duas visitas técnicas da Comissão de Saúde que marcaram a manhã e início da tarde desta terça-feira (27), no município do sul do estado.
O colegiado, presidido pelo deputado Dr. Bruno Resende (União), esteve no Centro de Atendimento Psiquiátrico Aristides Alexandre Campos (CAPAAC) e no Centro de Atenção Psicossocial II (Caps), também no município. A intenção foi verificar os problemas, tanto estruturais como de deficiência de recursos humanos, nos dois locais, além de analisar fluxos de atendimento, internação e transferência dos pacientes (no caso do CAPAAC).
No Centro de Atendimento Psiquiátrico, unidade pública ligada à rede estadual de saúde, o parlamentar e a servidores da comissão se reuniram com dirigentes da instituição, enfermeiros, assistente social e outros integrantes da equipe.
Na pauta, melhorias alcançadas desde 2023, quando o colegiado fez a última visita ao local, e problemas ainda persistentes e que demandam a intermediação da comissão com o governo do Estado para serem sanados.
A diretora-geral do CAPAAC, Elaine da Silva Santos Rodrigues, explicou que a unidade atende os 26 municípios da Região Sul do estado, além de receber eventualmente pacientes encaminhados de outras regiões capixabas.
Hospital porta aberta
São três leitos de retaguarda (atendimento inicial e observação) e outros 35 leitos de internação. Recebe pacientes regulados (enviados pelo sistema público de saúde), mas é um hospital também chamado de “porta-aberta” porque recebe pacientes sem regulação, ou seja, sem passar por outra unidade de saúde para serem atendidos.
“O CAPAAC hoje é bem estruturado (…) em questão de estrutura, de atendimento, de profissionais, não faltam profissionais de psiquiatria aqui, o que é uma carência no mercado, mas aqui esse não é um problema”, avaliou a diretora.
O presidente da Comissão de Saúde reforçou que essa não foi a primeira visita feita pelos parlamentares à instituição e que, desde a última verificação, houve mudanças positivas na situação encontrada. Mas ainda há desafios pela frente. Para Dr. Bruno, o CAPAAC está caminhando em relação às melhorias que antes se apresentavam como problemas. Para ele, a equipe está mais estruturada, alguns fluxos já estão prontos, mas ainda há alguns pontos que permanecem iguais, como a ampliação de leitos.
“Nós temos a solicitação de ampliar três leitos no pronto-socorro do CAPAAC e a Sesa (Secretaria de Estado da Saúde) continua nos estudos de viabilidade dessa ampliação. O que nós queremos é que seja ampliado. A nossa avaliação, mais uma vez, é de que é possível, tem espaço sobrando para essa ampliação. Precisa de vontade política para poder aumentar e melhorar a assistência ao povo de Cachoeiro e do sul do estado do nosso único hospital que é 100% destinado à saúde mental”, afirmou o presidente.
Outro aspecto discutido durante a visita foi sobre os fluxos relacionados à transferência dos pacientes psiquiátricos para outros hospitais, quando os doentes precisam de outros tipos de atendimento, como clínico, cardiológico e oncológico.
“Esse fluxo já existe no Espírito Santo, nós temos o nosso Núcleo de Regulação, que é centralizado em Vitória, o hospital tem que alimentar esse sistema para que esses pacientes tenham acesso à nossa rede pública de saúde. Então, se o paciente tem uma pneumonia como complicação e, por acaso, ele também é um paciente psiquiátrico que está internado dentro do CAPAAC, o Centro não trata pneumonia. O paciente tem que ser introduzido na Central de Regulação para que um hospital clínico trate esse paciente da melhor maneira possível (…). Sobre isso, é preciso avançar em relação a fluxos internos de gestão de leitos desses pacientes”, explicou o parlamentar.
A diretora da unidade avalia que, apesar de a instituição ter suporte da Sesa, a intermediação da Comissão de Saúde da Ales pode potencializar as conquistas ainda necessárias para o CAPAAC.
CAPS II
Já no Caps II (onde os pacientes só passam o dia, com atendimento ambulatorial, mas sem internação), a situação encontrada foi mais grave e complexa, na avaliação do parlamentar. Dr. Bruno lembrou que o Caps II foi transferido para outro local. No espaço visitado em 2023 foram encontrados vários gargalos, mas, para surpresa da comissão, o cenário atual não é muito diferente do anterior.
“E, infelizmente, nós temos problemas aqui importantes em relação à estrutura física do local, à gestão interna do ambiente, ainda com muito entulho nas regiões, nas áreas internas da assistência… Nós temos rede de esgoto para ser feita aqui nesse novo local. Eu vou levar todas as solicitações à Secretaria de Saúde, à Superintendência de Saúde, e vou cobrar dos responsáveis pela assistência aqui nessa unidade, que é uma unidade importante da nossa cidade, e nós não podemos aceitar o local dessa maneira”, garantiu o parlamentar.
A enfermeira Angelina Rosa Gonçalves, que estava atuando, durante a visita, como responsável técnica pelo Caps II, foi quem mostrou a estrutura local à equipe da Comissão de Saúde.
“Esperamos que essa visita nos traga as melhorias que estamos precisando. Elas são tanto estruturais – como o telhado, o entulho, a rede de esgoto, os consultórios… –, como em relação aos recursos humanos para, pelo menos, termos uma equipe mínima para atender adequadamente a população.
Nós precisamos de farmacêuticos, terapeutas ocupacionais, psicólogos, musicoterapeuta, educador físico, fisioterapeuta e profissionais administrativos de nível médio”, reivindicou a enfermeira.
Um relatório das visitas técnicas será elaborado e enviado pela Comissão de Saúde para as autoridades públicas da área, relatando as situações encontradas, as mudanças importantes para os dois locais visitados e cobrando as medidas necessárias.